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Assunto: Lixões de hoje são sambaquis do futuro
País: Brasil
Fonte: AN Verde
Data: 6/2004
Enviado por: Rodrigo Imbelloni
Curiosidade (texto):
Plásticos, metais, isopor, papéis, lâmpadas, pilhas, baterias, vidro, louças, disquetes, tecidos, fraldas, absorventes higiênicos, cotonetes, pneus, eletrodomésticos, móveis, restos de comida, materiais de construção, rejeitos hospitalares, filtros de café, lentes de contato, caixinhas de sanduíches, pratos e talheres de plástico, copos de papelão, caixas longa-vida, embalagens de todo tipo.
Talvez nunca na história o ser humano tenha sido capaz de produzir uma quantidade tão grande e tão variada de rejeitos, restos de seu consumo ou utensílios considerados inúteis, que são simplesmente descartados. Que poderiam dizer os arqueólogos do futuro sobre nosso modelo de sociedade, ao escavarem um dos nossos milhares de lixões, atopetados de materiais tóxicos, de composição complexa e não-perecíveis? Que espécie de sociedade esses arqueólogos poderiam imaginar que somos, como fazem os estudiosos de hoje a respeito dos homens dos sambaquis?
Ao se depararem com a grande quantidade de materiais plásticos presente nos nossos lixões - material que certamente será o último a se decompor, daqui a algumas centenas de anos - poderiam talvez deduzir a importância econômica do petróleo para a nossa sociedade. Poderiam também, sem dificuldade, imaginar que as sociedades urbanas do início do século 21 basearam seus padrões de consumo num modelo que privilegia o descarte e o desperdício, em nome da praticidade e do conforto.
Bem diferente dos nossos não muito distantes antepassados, que no início do século 20 viviam majoritariamente no meio rural e reaproveitavam praticamente todos os resíduos de seu modo de vida quase auto-sustentável, os sambaquis do futuro certamente denunciarão a nossa cultura basicamente comodista e predatória. Estarão lá as sacolinhas de supermercado, como prova da nossa total dependência dos templos do consumismo.

Hábitos

Esses hábitos de consumo, entretanto, não foram adquiridos de uma hora para outra, embora tenham se difundido e consolidado no decorrer do século 20. Paulo Jorge Moraes Figueiredo, no livro "A Sociedade do Lixo" (editora Unimep, 1995), situa o período após a Segunda Guerra Mundial como crucial para a "exportação" dos padrões de consumo norte-americanos. Com a Europa devastada, os Estados Unidos passaram a representar o modelo ideal de sociedade.
"Centrados na associação de qualidade de vida com o consumo de bens materiais, estes padrões alimentaram o consumismo, incentivaram a produção de bens descartáveis, difundiram a utilização de materiais artificiais e intensificaram as técnicas de propaganda". A partir dos anos 60, entretanto, os efeitos do comportamento consumista começaram a aparecer. Até março de 1987, 95% dos resíduos sólidos gerados nos Estados Unidos tiveram os aterros (a maioria não-licenciados) como destino final. Apenas 5% retornaram ao ciclo do planeta através de métodos como a compostagem ou a reciclagem, segundo o mesmo autor.
Com a "exportação" desses hábitos de consumo dos Estados Unidos para todo o planeta - inclusive para os países pobres -, o ser humano chegou ao final do século 20 com uma capacidade inigualável de produzir lixo. Estima-se que os 6 bilhões de habitantes da Terra produzam uma média superior a 300 milhões de toneladas de resíduos por ano - nem todos os países têm esses dados calculados -, sendo que as maiores montanhas de rejeitos continuam sendo formadas nos Estados Unidos, onde são descartados 217 milhões de toneladas anualmente. Outros países desenvolvidos, como Japão, Alemanha, Inglaterra, França e Espanha também são grandes geradores de lixo, segundo dados do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre). Com o aumento populacional e o desenvolvimento de cada vez mais produtos descartáveis, a montanha só tende a crescer.

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