O coqueiro é uma das árvores mais comuns do litoral brasileiro. Seu fruto é consumido em todas as épocas do ano e a produção chega a 650 milhões por ano. O que poucos sabem é que, depois de consumido, ele pode ser reaproveitado e sua casca, fibra e pó podem ter diversas utilidades.

A casca do coco verde é responsável por 70% do volume de lixo gerado na costa brasileira e demora até doze anos para se decompor. O descarte em vias públicas ou terrenos baldios pode causar danos ao meio ambiente e à saúde. Seu formato facilita o depósito de sujeiras e bactérias e, com a chegada das chuvas, a água acumulada colabora com a proliferação do mosquito Aedes aegypti, causador da dengue.

Atualmente, muitas empresas investem em pesquisas e desenvolvem projetos que visam o reaproveitamento do coco. Estudos indicaram que o vaso de coco verde era uma alternativa inteligente para substituir o xaxim, extraído da extinta planta samambaiaçu, na fabricação de vasos ornamentais e substratos para plantas.

Aos poucos, outras empresas acreditaram na potencialidade do coco e descobriram várias opções de reutilização: com a fibra é possível fabricar equipamentos de revestimento acústico, tapetes, capachos, redes, cordas de navio e vassouras. A casca é matéria-prima para copos, facas e até instrumentos musicais. O pó extraído da casca pode transformar-se em composto orgânico e substrato para plantas.

Muitos artesãos também encontram nesses materiais a sua forma de sobrevivência, confeccionando colares, chapéus, chaveiros, cinzeiros, almofadas, bonecas e tudo o mais que a criatividade Ihes permitir. Além de gerar lucro, o trabalho manufaturado estimula a consciência ecológica e a coleta seletiva.

O que era para ser um projeto de pequenas proporções motivou a indústria automobilística a apostar na idéia. Com a fibra extraída da casca do coco, as montadoras fabricam encostos de cabeça e banco. Assim, os carros ganham conforto, os bancos ficam menos volumosos e a empresa cumpre o objetivo de fabricar veículos compatíveis com o meio ambiente.

E não é só. As fibras naturais estão conquistando espaço, também, na decoração. Seguindo a tendência de contrastar o estilo contemporâneo com o rústico, são aplicadas em: sofás, mesas de centro, revestimentos de paredes, vasos e cestas. Entre as vantagens estão o charme do envelhecimento natural e a facilidade de limpeza e conservação.

A reutilização do coco deixou de ser apenas uma medida para conter a devastação dos ecossistemas e se tornou uma prática ambiental sustentável. Ela reduz a poluição da natureza, diminui o risco de contágio de doenças, melhora as paisagens urbana e residencial, gera empregos e inclui socialmente a população envolvida nesse processo