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Assunto: Resíduo volta a ser lixo
País: Brasil
Fonte: http://www.reciclaveis.com.br/noticias/00904/0090428residuo.htm
Data: 5/2009
Enviado por: Rodrigo Imbelloni
Curiosidade (texto):
Todas as manhãs, Tian Wengui sai da casa que ele faz embaixo de uma ponte da cidade, com dois grandes sacos pendurados do ombro. Durante todo o dia e parte da noite ele procura no lixo garrafas de refrigerante, recipientes de molho de soja e de óleo de cozinha. Vendendo resíduos para um dos grandes depósitos de reciclagem de Pequim, Tian ganha R$ 7 em um dia bom. Mas os dias bons estão ficando raros. Desde que Tian migrou da Província de Sichuan, a indústria bilionária da reciclagem caiu em parafuso por causa da crise econômica global e da queda concomitante dos preços das matérias-primas. Hoje as garrafas são vendidas pela metade do preço que tinham no verão. "Até o lixo perdeu o valor", disse Tian recentemente, enquanto se dirigia para um centro de coleta com os sacos repletos. O colapso da indústria de reciclagem afetou pessoas como Tian, os intermediários que compram os produtos do lixo e as fábricas que transformam dejetos reciclados em produtos destinados a lojas e canteiros de obras de todo o mundo. Negociantes de lixo americanos e europeus que vendem para a China estão vendo seus carregamentos ser recusados pelos clientes quando chegam à Ásia. A última vítima poderá ser o meio ambiente, já invadido por lixo em alguns lugares a ponto de ameaçar a saúde das pessoas, hoje mais afetada por dejetos que até recentemente seriam reciclados. O efeito está sendo sentido agudamente na China, maior importador de lixo do mundo. Os EUA, por exemplo, exportaram 10,5 milhões de toneladas de papel e papelão recuperado no ano passado para a China, em comparação com 1,9 milhão de toneladas em 2000, segundo a Associação de Papel e Florestas dos EUA. Como o consumo chinês é muito menos desenvolvido que o do Ocidente, mais de 70% dos materiais que alimentam a indústria de reciclagem do país devem vir do exterior, disse Wang Yonggang, porta-voz da Associação de Reciclagem de Recursos Naturais da China. "A tradição chinesa é de poupar e ser parcimonioso", ele disse. "As pessoas aqui costumam mandar consertar as coisas várias vezes antes de jogá-las fora". A queda nos preços das matérias-primas foi tão rápida que em questão de semanas, no final de 2008, navios de contêineres carregados com rodas de trens usadas e latas de comida para cachorro vazias chegaram aos portos chineses valendo muito menos do que quando partiram de Newark, Roterdã ou Los Angeles. "Tudo estava indo bem até outubro, então caímos de um penhasco", disse Bruce Savage, porta-voz do Instituto de Indústrias de Reciclagem de Dejetos, organização setorial que representa principalmente as processadoras de lixo americanas. Os EUA exportaram US$ 22 bilhões em materiais recicláveis para 152 países em 2007. Hoje a organização estima que o valor dos recicláveis americanos caiu de 50% a 70%. Negociantes ocidentais dizem que estão reunindo estoques crescentes cujo valor, em muitos casos, continua caindo. Para piorar as coisas, os importadores chineses pedem renegociações drásticas dos contratos. Em alguns casos eles se recusam a aceitar carregamentos pelos quais já têm obrigação contratual. "Ainda há muitos contêineres cheios de lixo parados no porto em Hong Kong", disse Wang, da associação de reciclagem chinesa. Os tempos difíceis estão atingindo os recicladores chineses em todos os níveis. Em um dia recente, Chen Xiaorong, 36, estava sentada sobre uma vasta ilha de blocos, revistas e livros escolares empilhados perto de sua pequena casa de tijolos vermelhos, com uma torre de jornais pairando sobre ela. "Conheço pessoas que perderam tudo apostando na reciclagem", ela disse. Muitos de seus vizinhos voltaram para o campo, e os R$ 1.600 que a família inteira de Chen ganharia por mês encolheram para R$ 800. Olhando para páginas descartadas dos poemas do presidente Mao, ela acrescentou: "Hoje a China tem mais latas de lixo do que pode digerir. Nós realmente precisamos do lixo americano?". Fonte: Dan Levin (Folha de S.Paulo / The New York Times)

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