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Assunto: Futuro e reciclagem
País: Brasil
Fonte: Internet
Data: 11/2011
Enviado por: Rodrigo Imbelloni
URL: http://www.designbrasil.org.br/artigo/futuro-e-reciclagem
Curiosidade (texto):
A reciclagem é o futuro da embalagem e o Brasil tem muito a ganhar com isso. Apesar de ter sua importância reconhecida tanto pelas empresas como pelos consumidores, a embalagem vem sofrendo uma série de ataques por causa do impacto que seu descarte provoca no meio-ambiente. ONGs e ativistas ambientais, a imprensa e os meios de comunicação têm difundido uma imagem extremamente negativa sobre a embalagem, o que tem estimulado o poder público a aplicar sanções e legislação restritiva à sua utilização muitas vezes sem nenhum embasamento técnico tendo como único objetivo capitalizar para políticos populistas e demagogos o aplauso fácil gerado por este estado de coisas. A embalagem perdeu a batalha da comunicação e hoje é vista, na melhor das hipóteses, como um mal necessário. Na pior, como um inimigo do meio-ambiente e uma ameaça ao futuro do planeta. Defender a contribuição social da embalagem e a importância que ela tem para o desenvolvimento do país se tornou uma tarefa difícil e bastante ingrata. A primeira consideração importante, que precisa ser feita para situar a discussão num plano mais realista e objetivo, é constatar que a embalagem não é simplesmente um adorno que possa ser dispensado ou minimizado no produto como muitos imaginam, mas um componente fundamental para garantir sua integridade, permitindo que ele chegue até os consumidores nos mais distantes pontos do país em perfeitas condições de consumo. A embalagem é vital e imprescindível para a sociedade contemporânea, pois sem ela não é possível medicar uma pessoa, vacinar uma criança ou animais nem gerar empregos naquele que hoje é o maior empregador do país, o supermercado. Sem ela, a indústria de alimentos não conseguiria funcionar,e tampouco as de bens de consumo. Assim, milhões de empregos seriam perdidos. É necessário fazer esta observação, pois em nenhum momento isso tem aparecido nas discussões. Há, inclusive, propostas de leis que pretendem proibir determinados tipos de embalagem. Preocupado com esta questão, o Núcleo de Estudos da Embalagem da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) vem desenvolvendo estudos para compreender o que acontecerá com a embalagem, para onde ela está caminhando e qual o futuro que ela terá. Em função desses estudos, o Núcleo chegou à conclusão que existem em curso cinco importantes vetores que terão impacto determinante no futuro da embalagem nas próximas décadas. São eles: 1 - O crescimento da população mundial que vai gerar mais consumidores; 2- O aumento do tempo de vida desses consumidores, o que acarretará um maior tempo de consumo sobretudo de medicamentos e produtos especiais para a terceira idade; 3 - A migração das pessoas para as cidades, pois neste ano, pela primeira vez na história, a população urbana superará a rural em nosso planeta; no Brasil, isto aconteceu no mês de julho passado; 4 - As duas últimas grandes economias rurais que ainda existiam, a China e a Índia estão em fase de rápida urbanização e industrialização. E quanto mais distantes as pessoas ficam do campo, mais elas necessitam alimentos processados e embalados, pois o abastecimento das grandes cidades com alimentos frescos vendidos em feiras livres se torna impraticável; 4- A inserção da mulher no mercado de trabalho e sua conseqüente dedicação a atividades externas à residência reduzem seu tempo para preparar alimentos, aumentando o consumo de alimentos prontos e semipreparados que são industrializados e têm embalagem; 5 - A combinação da urbanização com o trabalho da mulher tem aumentado o percentual de alimentação realizada fora de casa. O Food Service como é conhecida esta atividade de suprir alimentos em bares, lanchonetes, restaurantes, fast food e delivery e a venda de alimentos prontos já ultrapassou a venda de alimentos para preparo nos Estados Unidos onde 52% das refeições são realizadas neste sistema que vem crescendo a um ritmo muito maior que o varejo tradicional de alimentos. Para se ter uma idéia, no Brasil o food service cresceu nos últimos 10 anos a uma taxa média superior a 26% ao ano enquanto que a alimentação convencional cresceu em torno de 11%. Em são Paulo a alimentação fora do lar já supera 30% das refeições realizadas e segundo a ABIA Associação Brasileira da Indústria de Alimentos, os alimentos processados já respondem por 75% dos alimentos consumidos no país. A ação combinada destes cinco vetores indica que com toda a certeza a quantidade de embalagens necessárias para atender a sociedade do futuro será cada vez maior. Podemos afirmar que no futuro, haverá mais consumidores, consumindo por mais tempo, vivendo nas cidades, e se alimentando fora de casa, portanto, no futuro haverá mais embalagem. Com isso o impacto que elas provocarão no meio ambiente será ainda maior o que exigirá uma gestão muito mais efetiva de seu descarte. Existem hoje sendo aplicadas pelo mundo afora uma grande variedade de soluções e uma discussão permanente sobre qual a melhor maneira de gerir a produção e o descarte da embalagem. Cada país, devido às suas características sócio-ambientais, deve encontrar as soluções mais adequadas à sua realidade e adotá-las para garantir seu futuro. Existem soluções que privilegiam a natureza e outras mais preocupadas com a sociedade como um todo. Na Europa, onde a consciência e a legislação ambiental estão mais avançadas, a coleta seletiva, a reciclagem e a incineração de embalagens para gerar energia têm sido amplamente adotadas enquanto que no Brasil a reciclagem e a coleta informal através de catadores tem sido a forma mais utilizada. Avaliamos que a reciclagem de embalagem tem o mérito de favorecer o meio ambiente ao mesmo tempo em que favorece as pessoas que precisam trabalhar e obter renda para viver pois esta atividade é uma grande geradora de valor econômico trabalho e renda ocupando no Brasil mais de 500 mil pessoas, sobretudo catadores que encontraram nela uma forma de sobreviver e se reintegrar a sociedade produtiva. Muitas cooperativas de catadores tem promovido o resgate destas pessoas que se encontravam as portas da marginalidade transformando-se num agente útil de inclusão social. Estes aspectos precisam ser avaliados quando analisamos o assunto pois não podemos pensar apenas no meio ambiente sem considerar o homem e suas necessidades. Para que a reciclagem de embalagem efetivamente aconteça, ela precisa da ação combinada de três agentes sem a integração dos quais ela não consegue se desenvolver. São eles: 1- O consumidor ou sociedade civil que precisa dispor corretamente as embalagens para que elas tenham um destino adequado em seu descarte, evitando que elas acabem indo parar nos rios e terrenos baldios poluindo o meio ambiente. O cidadão é o ponto de partida de todo o processo devendo contribuir com a reciclagem separando os materiais para facilitar sua coleta e encaminhamento. 2- O poder público que tem o monopólio constitucional da coleta de lixo e precisa instituir programas de coleta seletiva capazes de separar do lixo orgânico e de outros resíduos as embalagens para que possam ser então recuperadas. O poder público pode ainda contribuir auxiliando e apoiando iniciativas que contribuam nesta tarefa, quer formando e organizando os catadores e suas entidades dando-lhes oportunidade de participar do processo quer instituindo uma legislação específica para as empresas 100% recicladoras que devem ser desoneradas de impostos por utilizarem e recuperarem uma matéria prima que já pagou impostos quando de sua produção original. 3- A indústria de embalagem * (incluindo a indústria recicladora) que deve se encarregar de reciclar tudo o que for coletado garantindo assim que o processo seja concluído. Esta dinâmica traz benefícios ao meio ambiente pois retira dele ou impede que a ele cheguem às embalagens pós consumo enquanto que ao mesmo tempo favorece a geração de trabalho e renda, sobretudo para as pessoas sem qualificação que não encontrariam emprego em outro tipo de atividade. Por tudo isso, o Núcleo de Estudos da Embalagem ESPM vem se dedicando ao tema da sustentabilidade das embalagens com o objetivo de contribuir com idéias, propostas e sugestões que possam transformar-se em ações concretas cujos resultados tragam benefícios para toda a sociedade e para o meio ambiente. Ao propor, juntamente com a Associação Brasileira de Embalagem (ABRE) a realização do Primeiro Fórum de Reciclagem de Embalagem da Cidade de São Paulo, evento realizado pela Secretaria de Obras da Prefeitura, nosso objetivo é dar a partida num processo de discussão, levantamento de idéias e propostas para a instituição de um Programa de Reciclagem de Embalagem para a Cidade que mobilize e articule a ação integrada dos três agentes mencionados, sem cuja integração a reciclagem não poderá se realizar em grande escala. Por ser a maior cidade do país e a que apresenta a maior geração de resíduos urbanos, temos a certeza que este Programa se transformará num exemplo cuja metodologia operacional será difundida motivando sua implantação em muitas outras cidades, o que fará evoluir a reciclagem de embalagem em nosso estado e em nosso país. Todos que participam desta iniciativa devem ter em mente, portanto, que nosso objetivo final é contribuir com nossas propostas para a implantação num futuro próximo do Programa de Reciclagem da Cidade de São Paulo. Precisamos apontar com a máxima clareza os obstáculos que impedem a cidade de alcançar maiores índices de reciclagem e sugerir as melhores formas de superá-los. Identificar e eliminar estes obstáculos é o objetivo do futuro programa; aumentar progressivamente o percentual de embalagens recicladas na cidade de São Paulo será o resultado da sua ação. A embalagem existe para atender às necessidades e aos anseios da sociedade, e com ela evolui. A evolução da sociedade humana exigirá cada vez mais embalagens, e por isso a gestão de seu descarte e a recuperação de materiais e da energia que as compõem se transformou numa questão crítica para o futuro. Todos os envolvidos com esta questão precisam estar conscientes disso e saberem que existem soluções para este problema e que isto exige que os três agentes participantes do processo, a sociedade, a indústria e o poder público assumam responsabilidades compartilhadas para conduzir este tema de forma responsável, racional e conseqüente.

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